Comendo Rápido Demais

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AS PAPILAS GUSTATIVAS são estruturas responsáveis pela percepção dos sabores e texturas dos alimentos. Elas se encontram distribuídas no interior da boca, concentrando-se na língua. São capazes de sentir basicamente cinco sabores: azedo, doce, amargo, salgado e umami.
   Mas sentir o gosto dos alimentos é mais do que ter células captadoras de sabores. É um treinamento, uma prática. Quanto mais nos esforçamos a sentir determinado sentido no palato, mais sensíveis ficamos à sua presença nos alimentos.
   É por isso que nem todo mundo conhece ou sente o gosto umami, que é gerado por alguns aminoácidos. Pior é que até os sabores azedo e amargo estão perdendo espaço nas nossas línguas. O motivo é simples: estamos comendo rápido demais.
   Foi isso que destacou uma nutróloga em um programa de radiojornalismo experimental produzido por minha equipe. Segundo ela, nossa alimentação está concentrada apenas no doce e salgado, que são sabores profundamente explorados pela indústria alimentícia.
   De fato, a gente se viciou em alimentos muito salgados e doces. Os refrigerantes nos deixam dependentes desses sabores. Achamos estranho um líquido sem adição de açúcar. O salgado é o desejo de todos e também vicia. As empresas sabem disso. Não é para menos, portanto, que sanduíches e outros fast-foods tenham se tornado uma grande fonte de lucro.
   Mas o que sentimos além do doce e do sal? Esquecemos dos temperos e condimentos, responsáveis por uma diversidade de sabores e texturas na alimentação. Ficamos limitados a uma alimentação sem graça e sem nutrientes.
   Preste atenção no que você comeu ontem ou hoje. Analise a tabela nutricional ou a lista de ingredientes. Acredite, a grande maioria estão recheados de sódio (sal) e açúcares. A dupla dinâmica utilizada para equilibrar os sabores. Se fica muito salgado, a indústria alimentícia injeta sódio para não ficar enjoento, por exemplo.
  Ainda por cima, conforme destacado pela nutróloga entrevistada, comemos rápido demais. Não estamos parando para sentir os sabores. De certa forma, estamos deixando de aproveitar nosso paladar (e por extensão, nossa vida) em toda sua potencialidade.
  Nossa rotina corrida serve de desculpa para uma alimentação capenga e maléfica para a saúde. Claro que é mais fácil não se preocupar com a hora em que nos alimentaremos ou a quantidade de carboidratos, de sódio e de gordura que cada porção de um produto trás. Mas lembremo-nos: o barato pode sair caro. Às vezes, caro demais. 
   O que custa parar e comer tranquilamente? Pesquisas mostram que ingerimos muito mais do que necessitamos justamente devido à pressa. Tente demorar um pouco mais. Faça pausas. Assim, perceberá que seu corpo fica saciado com menos porções. A pressa de engolir não permite nosso sistema digestivo se preparar bem para o que vai descendo goela adentro. Então, calma!
   A alimentação é essencial para nossa vida. Não somos vegetais. Assim, tenhamos mais cuidado com o que e como nos alimentamos. Nossa nutrição afeta não apenas o corpo, mas a mente também. Afinal, os neurônios precisam de nutrientes para trabalhar corretamente. Alimentação saudável é sinônimo de mente saudável. Pense nisso.



De Alexandre Valério Ferreira


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