Os Tubos de CWB


Por Alexandre Valério Ferreira


EU JÁ TINHA ouvido falar sobre. Fotos dos tubos de Curitiba (CWB) sempre apareciam nos livros de geografia. Eram uma das marcas da cidade (além do Jardim Botânico, é claro). Sempre quis conhecê-los. Um dia deu certo.
   Sou do tipo de pessoa que acredita que, ao visitar um cidade, devemos andar de transporte público ao menos uma vez. Sinto que é lá onde começamos a entender como a metrópole, de fato, funciona. São por ônibus, metrôs, trens, lotações que compreendemos na pele a dinâmica da vida urbana.
   Os tubos pareciam obras de arte, flutuando, translúcidas, no canteiro central da Avenida Sete de Setembro. R$ 4,25. Esse era o valor da passagem. Esperei pelo 304. É um dos ligeirinhos, como chamam em CWB. São linhas que para em menos pontos. Chega-se mais rápido, supostamente. Não são ônibus articulados. Além deles, existem os expressos, os interurbanos e os alimentadores.
   Curitiba foi pioneira no uso do BRT (Bus Rapid Transport). Chamado às vezes de metrô de superfície, ele é um sistema de transporte público baseado no ônibus. Quando da sua implantação em CWB, nos passados 1974, fez a cidade ganhar destaque mundial. Moderno, o modelo continua atendendo com relativa eficiência a demanda da capital paranaense.
   Dentro de um tubo, após pagar a passagem, você não passa mais por catracas. Você pode pegar um ônibus para outra estação, descer nela e pegar outra linha sem pagar. Em Fortaleza, existe algo parecido. São os chamados terminais. Estes, porém, são maiores e polarizam muitas linhas, o que nem sempre é eficiente para o traslado pela cidade.
   Na primeira vez que utilizei o transporte de Curitiba, peguei a linha errada. Em vez de ir para o Terminal Campo Comprido (extremo oeste), peguei uma linha para os Pinhais (extremo leste). Mas, com a orientação de alguns viajantes, tomei o rumo certo. Entrei no 303, articulado, expresso, que também seguia para meu destino e deu certo.
   A cidade me encantou. Ruas limpas. Calçadas padronizadas. Arborizadas. Araucárias em diversos lugares. Parecia uma sintonia entre natureza e sociedade como nunca vira antes nas metrópoles brasileiras. CWB parecia fazer jus a sua fama.
   Como em toda cidade, ela possui seus vândalos. Em diversas viagens, notei a presença de arranhões propositalmente feitos nas janelas de vidro. Alguns pareciam expressões. Outros, simulavam os rasgos de um velocirraptor que, desacostumado com a rotina curitibana, tentou escapar do ônibus através do vidro.
   Passear pelos tubos foi uma experiência interessante. Estar dentro daquele aquário urbano fez-me sentir um pouco mais curitibano. Também me fez pensar que a diferença entre norte e sul não é tão gritante assim. Podem ter suas peculiaridades, mas, no fundo, temos muito em comum.




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