No pain, no gain

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Por Alexandre Valério Ferreira


FRASE DE ACADEMIA, alguns dirão com um certo desdém (ou orgulho). Claro, não estarão longe da verdade. De fato, a expressão no pain, no gain ("sem dor, sem ganho", em inglês) tornou-se popular graças ao slogan dos vídeos de exercícios aeróbicos produzidos pela atriz norte-americana, Jane Fonda, em 1982. Hoje, é jargão básico de academias e está em várias camisas.
   O termo quer nos dizer basicamente que, para ficarmos mais forte, é preciso sentir o músculo queimar. A dor é o preço que se paga para fazer nossa massa magra ganhar forma e crescer. Caso contrário, sempre ficará atrofiada. 
   O princípio básico é: você tensiona o músculo e o estresse causa danos no tecido muscular. Em resultado, há um processo inflamatório, ativando as chamadas células que reparam as fibras musculares, por meio de fusão e uso das proteínas como tijolos. Assim, o músculo torna-se um pouco maior do que era antes.
   Sim, entre outros fatores, é "essencial para produzir o crescimento muscular que seja aplicado uma carga de estresse maior do que seu corpo ou músculos estavam adaptados"[1]. De fato, sem dor não existe possibilidade de ganho de massa muscular.
   Um princípio interessante que não se aplica apenas no crescimento da massa magra. Afinal de contas, para o nosso desenvolvimento pessoal, é necessário sairmos da zona de conforto (aquele agradável estado inercial cômodo). Para tanto, desafios precisam ser aceitos e superados.
   Desafios são novas situações que nos tensionam a tomar atitudes diferentes. Forçam-nos, estressam-nos. Quando os superamos, sentimo-nos maiores, mais capazes, preparados para uma nova situação. Mas essa fase de tensionamento e superação existe a dor.
   Percebe-se, entretanto, que a dor é algo evitado por nós. Claro, existem diversos tipos de dor e nem todas são positivas. Até no quesito musculação, apenas sentir dor não é significado de que seu músculo vai crescer. Talvez seja resultado de um exercício praticado inadequadamente. 
   Portanto, não devemos ser masoquistas, ter prazer em se ferir. Na verdade, devemos compreender que para tudo tem um preço. No pain, no gain. O preço do crescimento são algumas decepções, quedas, cicatrizes na vida. Vale a pena? Com certeza!
   Percebeu, então, que existe uma relação forte entre dor e como lidamos com ela? Numa academia, se a pessoa tem medo da dor e foge, nunca alcançará objetivo algum. É preciso aceitar a dor, compreendê-la. A partir do momento que concordamos que isso é a realidade, utilizamos essa circunstância como ferramenta de crescimento.
   Não há crescimento sem dor. Seja ela um aumento do conhecimento, da autocompreensão, do aprimoramento de técnicas de habilidades físicas. Esse tipo de dor é necessária, porque ela ocorre em virtude de uma mudança de estado e isso causa desconforto inicialmente. Depois, nos acostumamos.
   Lembrando, entretanto, de que é necessário equilíbrio. Assim como no ginásio, é preciso aumentar o peso gradualmente, pois, caso contrário, ao invés de crescimento, haverá um desastre. Crie alvos razoáveis. Dessa forma, eles parecerão mais realistas e você se sentirá mais motivado para alcançar outros.
   Também dê tempo ao tempo. Um músculo, depois de tensionado e danificado, requer de 24 a 48 horas para ser reparado. Por isso, nas academias, as pessoas revesam os exercícios para cada região do corpo. Seu tempo é único. Saiba quando parar e como ganhar força. Se alimente bem. Deixe sua mente bem nutrida. E não esqueça: no pain, no gain.


[1] LEYVA, John. How Do Muscles Grow? The Science of Muscle Growth. In: https://www.builtlean.com/2013/09/17/muscles-grow/ Artigo: 17 de setembro de 2013. Acessado em: <02/02/2018> 

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